Este livro propõe a análise retórica do debate que culminou com a aprovação da Lei nº 11.769/2008, que torna o conteúdo de música obrigatório no ensino escolar, e tem por objetivo identificar o que os proponentes dizem ser educativo no ensino de música na educação básica.


A Lei nº 11.769/2008 teve origem no debate entre profissionais da música para o estabelecimento de um plano de políticas públicas para a música brasileira, convocado pelo Ministério da Cultura, e foi sancionada pelo Presidente da República com o veto de que professores com formação específica na área ministrassem o conteúdo de música, o que é apresentado no início do livro. A análise retórica dos esquemas argumentativos e a breve revisão a respeito das profissões de professor e de músico, apresentadas nos capítulos seguintes, permitiram identificar os valores que os grupos sustentam a respeito da música e seu ensino, e compreender os processos identitários concernentes às musicalidades que defendem.


As oposições expõem as musicalidades em disputa, que afirmam as mais favoráveis para as políticas educacionais do país, ancoradas em noções românticas de identidade social, em que prevalecem as noções de que a obra de arte é fruto do talento do artista, considerado genial. A metáfora MÚSICA, A ALMA DO POVO condensa e coordena os significados dos discursos de aprovação da obrigatoriedade do ensino de música e de adesão ao veto parcial.

Ao apresentar uma reflexão no âmbito das representações de música e seu ensino, este livro se destina não apenas aos profissionais da área de Educação Musical, mas também a todos aqueles interessados na função social da música, e no papel do músico e do professor de música na escola regular, bem como aos interessados na análise dos debates entre políticas públicas, arte e ciência ou filosofia no campo da pesquisa em educação.

 


O Samba e a Filosofia

https://www.academia.edu/11108484/Eu_sou_o_samba_-_Retórica_e_Identidade

 

Capítulo de livro impresso, editora Prismas.

 

Eu sou o samba - Retórica e Identidade

(Claudia Alvarenga/Tarso Mazzotti)

1. A música e o epidítico
2. Ligação de coexistência- esquema argumentativo que produz a identidade
3. Não é brasileiro quem vive sem a batucada do samba
4. O samba se confronta com outras musicalidades
5. O Rock - Quem é ele?
6. O samba se mescla e produz outra categoria
7. Ethos e Tradição - fases do nacionalismo brasileiro


Os conhecimentos requeridos pelo ENEM – o que as avaliações em larga escala na educação buscam medir?

(Claudia Alvarenga/Tarso Mazzotti)

 

Este capítulo tem por objetivo analisar seis itens da prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) realizado em 2015, examinando o vínculo com as respectivas competências de área. A elaboração do ENEM se orienta pela Matriz de Referência que determina nove competências nesta área. Os itens da prova têm por objetivo acionar determinadas competências, provocando um agir como operação mental para solucionar as questões objetivas da prova. Nossa análise busca expor os argumentos que concorrem para evidenciar o que se diz preferível neste tipo de exame, considerando que avaliar implica emitir juízos de valor a partir de certos critérios acordados previamente. Para tanto, sugerimos a análise retórica dos materiais textuais conjugando a Retórica, de acordo com as proposições de Perelman e Olbrechts-Tyteca, à Psicologia Social, na perspectiva de Michael Billig. O item de uma prova é um elemento discursivo que expõe o que se diz desejável para a escolarização pelas respostas afirmadas como corretas. A análise retórica pode explicitar os raciocínios que orientam e justificam as escolhas dos examinadores. O modelo de exame do ENEM supõe que as questões são capazes de discriminar as competências aprendidas pelos estudantes sugerindo um correspondência de caráter biunívoco entre os itens e as competências de área elencadas com base na Matriz de Referência, que orienta a elaboração do ENEM. Nossa análise indica as inconsistências desta reciprocidade.